domingo, 31 de outubro de 2010

Da beira do campo ao profissionalismo

Durante muitos anos, sempre dedicados ao samba, encontramos e deparamos com felicidades, tristezas, dor, alento. A magia da beira do campo, onde nada tem ambição, se não, cantar, sorrir, gritar, f oi se perdendo. Dai a pouco estamos tocando nos palcos dos botequins, nos bares mais sofisticados, cantamos para poucas pessoas, muitas pessoas e até milhares de pessoas. Assim é a profissionalização. Por um momento nos deixamos levar pelo falso prazer de que somos artistas e temos o valor reconhecido. Claro que temos o prazer interior de transmitir em forma de samba, sentimentos guardados no peito e passar para as pessoas que nos curtem, nos ouvem. Poxa, quem dera os donos de casa tivessem o dom que o sambista tem, de fazer tudo pela arte, por amor, por dedicação sincera, quem dera!!!!

Por um momento cometemos o erro ao dizer que o samba não é mais como antes, errado, o samba não tem nada a ver com isso, o samba é o que menos contribui para existência da desigualdade, o samba é puro, é forte, ama, reconstrói, renasce. O grande problema está no ser humano, cada vez mais obcecado pelo vil metal, ambicioso, ganancioso, falso, individualista. A amizade, respeito, parceria, lição, e conduta, vão perdendo espaço. Cada um puxa pra si o que lhe convém e assim, o mundo do samba fica para trás, sem organização, sem caráter, sem moral, sem respeito. Pensam que estão se profissionalizando, modernizando, conseguindo espaço, monopolizando, mas na verdade estão regredindo, e o pior estão voltando sem aquilo que saíram quando ainda sambistas, a beira do campo, o prazer de fazer pela arte, por amor, por ser simplesmente um sambista.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amor ao samba


Os anos passam e com eles os caminhos que percorremos ficam pela estrada, as batucadas, o canto, a sonoridade dos instrumentos, a alegria dos ouvintes, a certeza dos músicos de terem feito um bom trabalho. As mágoas, as frustrações, os dias que viraram noites, as noites que viraram madrugadas, as madrugadas que viraram manhãs, as manhãs que nos deram o sol que queimou nosso rosto e nos aqueceu com o calor dos coletivos lotados de transeuntes, que partiam para seus trabalhos e nos olhavam com indignação.

Assim é a vida do velho sambista, assim sofreu, assim viveu, assim morrerá, empunhando seu instrumento, cantando as melodias mais ricas, encantando cada pessoa com simpatia e sensibilidade. Hoje, vejo quanto amor tenho pelo samba e as vezes machuca o peito ao ouvir um acorde dizer : onde está meu samba?