quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

O samba é o Brasil

Samba. Na realidade acredito que ninguém sabe onde o Samba nasceu. Muitos dizem que nasceu na África, outros dizem que nas senzalas, há até quem diga que foi na Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo enfim muita gente com suas idéias. Naturalmente, devem ser respeitadas, mas o Samba transcende a tudo isso.

O Samba aflora em cada um de nós e quando isso acontece é o nascimento do Samba. Somos os receptores dessa luz que vem de muito longe, lugar que nem se quer sabemos onde fica. O Samba é feito o cantar dos pássaros, a sonoridade das ondas do mar,uma brisa leve que nos toca o rosto. O Samba é a quebra dos grilhões é a voz dos fortes e guerreiros.

Hoje, 2 de dezembro, comemoram o dia nacional do Samba. Um dia que, os olhares estão voltados para os sambistas, porém, amanhã tudo volta ao "anormal". Parece que esse dia foi criado em dezembro para movimentar uma grande mídia já visando o carnaval, seráááááá???????

Entramos no "verão das emoções" daqui até o carnaval, todos vem nos cumprimentar, elogiar, dizer que adora samba ou até mesmo pedir - Toca um sambinha aí para nóis????

Vi, em um canal aberto, uma homenagem ao saudoso Nelson cavaquinho. Engraçado, só não
vi nenhum sambista nessa homenagem. Salvo a rara exceção Luiz Melodia. Portanto é bom abrirmos os olhos, porque senão, qualquer dia, perderemos o que nos alimenta, acalma e fortalece O SAMBA!!!!!!!

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Ninguém tira o meu canto


Então, uma amiga minha colocou-se a chorar em meu colo, estava indignada com certas desilusões que a vida nos traz.
Nós, músicos, cantores, que enfeitamos as noites os bares e tantos outros festejos, sabemos o quanto é difícil sobreviver em um país sem incentivo à cultura. Às vezes, batalhamos anos e anos por um objetivo e do nada, assistimos esse objetivo ficar à margem de nossos sonhos.

Quantos músicos empunharam seus instrumentos durante tantas madrugadas e lhes foram tirado parte dos cachês e seus trabalhos junto a tantas casas noturnas. Mas nunca lhes tirarão o prazer de tocar a paixão pela música. Somos uma classe não muito respeitada pela sociedade. Sociedade essa, que só nos ampara quando os convém, quando servimos de bobos de uma corte musical que precisa fazê-los sorrir.

Como eu já disse, eles podem nos tirar tudo, mas nunca tirarão nosso cantar, nosso amor pela música, nossos acordes, nossas melodias. Porque tudo isso está em nossa alma, nosso espírito, nosso interior. Somos abençoados pelo criador que nos deu o dom de expressar sentimentos através, das canções, somos a voz de deus, o amor em forma de melodias. Isso ninguém nos tira...

domingo, 31 de outubro de 2010

Da beira do campo ao profissionalismo

Durante muitos anos, sempre dedicados ao samba, encontramos e deparamos com felicidades, tristezas, dor, alento. A magia da beira do campo, onde nada tem ambição, se não, cantar, sorrir, gritar, f oi se perdendo. Dai a pouco estamos tocando nos palcos dos botequins, nos bares mais sofisticados, cantamos para poucas pessoas, muitas pessoas e até milhares de pessoas. Assim é a profissionalização. Por um momento nos deixamos levar pelo falso prazer de que somos artistas e temos o valor reconhecido. Claro que temos o prazer interior de transmitir em forma de samba, sentimentos guardados no peito e passar para as pessoas que nos curtem, nos ouvem. Poxa, quem dera os donos de casa tivessem o dom que o sambista tem, de fazer tudo pela arte, por amor, por dedicação sincera, quem dera!!!!

Por um momento cometemos o erro ao dizer que o samba não é mais como antes, errado, o samba não tem nada a ver com isso, o samba é o que menos contribui para existência da desigualdade, o samba é puro, é forte, ama, reconstrói, renasce. O grande problema está no ser humano, cada vez mais obcecado pelo vil metal, ambicioso, ganancioso, falso, individualista. A amizade, respeito, parceria, lição, e conduta, vão perdendo espaço. Cada um puxa pra si o que lhe convém e assim, o mundo do samba fica para trás, sem organização, sem caráter, sem moral, sem respeito. Pensam que estão se profissionalizando, modernizando, conseguindo espaço, monopolizando, mas na verdade estão regredindo, e o pior estão voltando sem aquilo que saíram quando ainda sambistas, a beira do campo, o prazer de fazer pela arte, por amor, por ser simplesmente um sambista.

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Amor ao samba


Os anos passam e com eles os caminhos que percorremos ficam pela estrada, as batucadas, o canto, a sonoridade dos instrumentos, a alegria dos ouvintes, a certeza dos músicos de terem feito um bom trabalho. As mágoas, as frustrações, os dias que viraram noites, as noites que viraram madrugadas, as madrugadas que viraram manhãs, as manhãs que nos deram o sol que queimou nosso rosto e nos aqueceu com o calor dos coletivos lotados de transeuntes, que partiam para seus trabalhos e nos olhavam com indignação.

Assim é a vida do velho sambista, assim sofreu, assim viveu, assim morrerá, empunhando seu instrumento, cantando as melodias mais ricas, encantando cada pessoa com simpatia e sensibilidade. Hoje, vejo quanto amor tenho pelo samba e as vezes machuca o peito ao ouvir um acorde dizer : onde está meu samba?